5 de junho de 2009

Eleições para o Parlamento Europeu, para a Assembleia da República e para as autárquicas - três juntas podem não ser seis bois (1)

1. Trinta e cinco anos após…
Trinta e cinco anos são passados desde a instauração da Democracia em Portugal. Trinta e cinco anos antes de 1974 estávamos em 1939. O mundo assistia à invasão da Polónia pelas tropas de Hitler, invasão que deu início ao maior conflito armado da história da humanidade. Do conflito surgiu uma nova ordem mundial e iniciou-se o processo de globalização, que hoje vivemos, processo que se acentuou com o fim da guerra-fria, na década de 90 do século passado.
O mundo e Portugal mudaram, imenso. O País saiu, em 1974, das “cavernas” e ainda não se adaptou ao modo de vida que a União Europeia lhe proporcionou. Grosso modo, consumimos melhor do que produzimos. Em simultâneo, o mundo exige de nós uma sociedade que durante muitos anos não pudemos ser e ainda não somos. Encantados com o consumo não cultivamos nem memória colectiva, nem outro tipo de relações com o próximo. Projectamos mal as nossas identidades: locais, regionais, nacionais, europeias, lusófonas. De costas para o futuro observamos o dito futuro quando este já é presente, ou mesmo passado, um fado que parece não estar nas nossas mãos.
O dinheiro enriqueceu-nos mais o bolso do que a cabeça. Culturalmente continuamos muito parolos, pouco cosmopolitas, sendo que temos vergonha do que fomos (e que ainda nos marca) e compreendemos e reproduzimos mal os modelos de vivência que importamos da Europa. Ou seja, ainda recalcamos a nossa identidade de País, que associamos à miséria de outros tempos, em nome de uma identidade mais moderna, mais rica em bens de consumo, que a União Europeia (U.E.) nos trouxe e que compreendemos mal. Como o entendimento é curto, comportamo-nos como autênticos papalvos nas várias facetas da vida social. Por exemplo, nas Obras Públicas a coisa tem é que ser grande. É mais importante ser grande do que útil, porque o importante é dar nas vistas. Dar nas vistas e também dar dinheiro dos contribuintes aos interesses: a maior ponte da Europa, o maior lago artificial da Europa, o maior aeroporto ?!.., etc. Tudo isto num País que, para muitos dos interesses que o tolhem, é, convenientemente, demasiado pequeno para ter regiões. Areia lançada para os olhos. Portugal é uma grande nação da Europa. Geograficamente, não é um todo homogéneo, tem unidades regionais, no seu território, de dimensão semelhante às regiões de outros países da U.E. Acresce que o pequeno, especialmente em Portugal, é bonito, pode ser inovador, cosmopolita, competitivo, coeso, socialmente útil, numa palavra, democrático!...
(continua)

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